segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Psicólogo lista sintomas da perigosa e destrutiva homofobia internalizada

Nossa sociedade é construída por nós e pelo outro por meio da intersubjetividade. O homem é ao mesmo tempo produto e produtor do social. A cultura envolve as crenças do ser humano. Não nascemos “humanos”; somos “humanizáveis”. O processo de objetivação social se dá por intermédio dos atos que se tornam hábitos e estes, por sua vez, criam padrões que se institucionalizam, tornando-se legítimos. Criamos algo que ao mesmo tempo nos cria, a sociedade. A ideologia existe porque nós a reconhecemos.

Determinadas ações são desejadas por todos. As crenças dão subsídios às instituições, prescrevendo papéis. As legitimações são justificadas nas instituições. Criada uma realidade objetiva, há mecanismos para mantê-la. Caso haja um “rebelde” que não se submeta à norma estabelecida, haverá a tentativa de aplicação terapêutica, com o objetivo de tratar para corrigir. Se não for possível corrigir, restará a prisão ou até mesmo o seu aniquilamento.


Portanto, cuidado com a homofobia internalizada pelas regras sociais. Elas impedem que você e os outros sejam felizes. A melhor forma de combatê-la é identificar seus “sintomas”, trabalhá-los e eliminá-los, para o bem da sua felicidade e dos demais. Alguns de seus indícios podem ser:

a) negação da sua orientação sexual (do reconhecimento das suas atrações emocionais e sexuais) para si mesmo e perante os outros.

b) tentativas de mudar a sua orientação sexual.

c) sentir que nunca se é “suficientemente bom” (por vezes tendência para o “perfeccionismo”).

d) pensamentos obsessivos e/ou comportamentos compulsivos.

e) fraco sucesso escolar e/ou profissional; ou sucesso escolar e/ou profissional excepcional, como forma de se sentir compensado e aceito.

f) desenvolvimento emocional e/ou cognitivo atrasado.

g) baixa autoestima e imagem negativa do próprio corpo.

h) desprezo pelos membros mais “assumidos” e “óbvios” da comunidade LGBT.

i) desprezo por aqueles que ainda se encontram nas primeiras fases de assumir a sua homossexualidade.

j) negação de que a homofobia, o heterossexismo, a bifobia, a transfobia e o sexismo são de fato problemas sociais sérios.

l) desprezo por aqueles que não são como si mesmos; e/ou desprezo por aqueles que se parecem consigo mesmo.

k) projeção de preconceitos num outro grupo alvo (reforçado pelos preconceitos já existentes na sociedade).

l) tornar-se psicológica ou fisicamente abusivo; ou permanecer num relacionamento abusivo.

m) tentativas de passar por heterossexual, casando, por vezes, com alguém do sexo oposto para ganhar aprovação social ou na esperança de “se curar”.

n) crescente medo e afastamento de amigos e familiares.

o) vergonha e/ou depressão; defensividade; raiva e/ou ressentimento.

p) esforçar-se pouco ou abandonar a escola; faltar ao trabalho/fraca produtividade.

q) controle contínuo dos seus comportamentos, maneirismos, crenças e ideias.

r) fazer os outros rirem por meio de mímicas exageradas dos estereótipos negativos da sociedade em relação aos homossexuais.

s) desconfiança e crítica destrutiva a líderes da comunidade LGBT.

t) relutância em estar a par ou em mostrar preocupação por crianças por medo de ser considerado “pedófilo”.

u) problemas com as autoridades.

v) práticas sexuais não seguras e outros comportamentos destrutivos e de risco (incluindo riscos de gravidez e de ser infectado/infectar com o vírus do HIV e demais DSTs).

w) separar sexo e amor e/ou medo de intimidade. Por vezes pouco ou nenhum desejo sexual e/ou celibato.

x) abuso de substâncias (incluindo comida, álcool, drogas e outras).

y) desejo, tentativa e concretização de suicídio.

z) isolamento, medo, fuga, alienação, depressão, ansiedade, tristeza, angústia, vergonha, ódio por si mesmo, revolta, falta de estímulo, falsidade, confusão, falta de concentração, timidez, etc.

Pedro Paulo Sammarco Antunes é psicólogo. Atualmente está cursando doutorado em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em 2010 defendeu o título de mestre em Gerontologia pela mesma instituição. Concluiu sua pós-graduação lato-sensu em Sexualidade Humana pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 2008. Tem experiência na área de psicologia clínica com ênfase em sexualidade humana.

Fonte: MixB

4 comentários: