segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Principais agressores de homossexuais são da própria família
Uma pesquisa sobre homofobia no Brasil revela: os principais agressores dos homossexuais são da própria família. O Fantástico abriu uma linha especial pra ouvir essas histórias.
“Violência física, discriminação, humilhação e ameaça. Meus dois irmãos também não aceitam, não falam comigo. Eles falam que eu tenho uma doença”.
O relato é de um jovem que tem medo e prefere não mostrar o rosto. Ele descreve o tipo mais comum de agressões a homossexuais no Brasil. Segundo um relatório pioneiro da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, os principais agressores são da própria família.
“É como se eu morasse em casa, mas fosse um estranho. Eu me sinto um estranho hoje. Eu não me sinto um membro da família”, diz.
A amostra é grande: o estudo analisou quase sete mil denúncias de violência física e psicológica. Os casos foram registrados principalmente pelo Disque 100, um serviço de denúncias contra violações dos direitos humanos.
“Justamente para que no momento em que a pessoa faz a denúncia, ela seja recebida com todo o respeito e exista uma investigação. Nós identificamos também que as circunstâncias de impunidade também no caso dos crimes de caráter homofóbico contribuem para a continuidade dessa violência”, diz a ministra da Secretaria de Direitos Humanos Maria do Rosário.
A maior parte das agressões aconteceu dentro de casa. E mais: são as mães quem mais agridem os filhos por serem gays. A professora universitária Edith Modesto sabe há 20 anos que seu caçula é homossexual. E há 15 comanda uma instituição para reaproximar pais e mães de seus filhos gays.
“Para uma mãe é muito difícil. Falou homossexual hoje em dia a maioria das pessoas já aceita, como filho do vizinho. Mas filho da própria pessoa ainda é difícil”, diz Edith Modesto, presidente do Grupo de Pais de Homossexuais.
Ela diz que muitos filhos têm medo de como os pais vão reagir. “Uma vez, um deles me falou e eu nunca mais me esqueci. Ele falou ‘Edith, para o meu maior amigo eu já contei, porque se eu perder o meu amigo, eu posso arrumar outro. Mas se a mãe não me quiser mais, como eu vou fazer?’”, conta Edith.
Para Felipe, que trabalha no grupo como voluntário, o mais difícil foi contar para a mãe. “Eu tinha medo de falar, mas ‘eu acho que ela vai agir diferente, acho que não vai ser assim’”, conta o estudante Felipe Santos Mário.
Mas foi. “Tivemos um desentendimento, ela me bateu e aí dois dias ou um dia depois eu saí de casa. Ela falou: ‘olha, eu não quero mais você aqui porque não dá, você não muda e eu não aceito. Meu filho pra mim morreu quando você falou que era homossexual’", lembra Felipe.
O Fantástico abriu um canal exclusivo para ouvir histórias de homofobia. Foram 50 relatos em apenas 24 horas. São casos de humilhações, ameaças e agressões contra filhos, netos e irmãos.
“Durante três ou quatro anos foram violências constantes. Surras, meu pai me jogava no chão e batia com os dois pés em cima de mim. Meu pai falava que ia orar para Deus para Deus me matar, para Deus me levar porque ele não queria ter filho homossexual”, relata um homossexual.
“Ele chegou em casa e começou a me agredir. Disse que eu pagarei tudo que eu faço, ele me ameaçou, ele disse que eu morrerei de câncer pelas coisas que faço”, diz outra.
A violência não é sempre física. Mas o sofrimento é indisfarçável. “Eu vejo meus primos crescendo, meus primos levando as suas respectivas namoradas para um encontro de família e eu não poder levar a minha. Isso é muito triste para mim porque é uma discriminação na minha família”, reclama mais uma.
A jovem que gravou esse depoimento também não quis mostrar o rosto. “Eu queria ter amigos na minha casa, é uma coisa que eu não tenho. Eu convivo com os meus avós desde que eu nasci e hoje, depois que eles descobriram que eu sou homossexual, não existe mais paz na minha casa, não existe mais diálogo. Eu vivo com dois estranhos. Eu não escolhi ser assim, eu simplesmente sou assim. A única coisa que eu queria pedir para eles é que eles me respeitassem”.
Fonte: Globo
Por isso que sempre aconselhei só se assumir quando for totalmente independente financeiramente, pois nunca se sabe como pode terminar....
E na maioria das vezes nem adianta contar, pois os pais armam o maior circo e depois ignora totalmente o assunto como se o filho nunca houvesse contado antes que era gay.
A maioria preferem uma Verdade Inventada....
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Não creio receber agressões como as mencionadas na reportagem por parte da minha família,claro, um clima estranho por um bom tempo provavelmente. O que realmente me faz esconder minha sexualidade é o medo de perder amizades valiosas, de infância, ficar isolado de pessoas que gosto muito. Por isso ainda guardo isso só pra mim.. porém está ficando meio que insulportável não poder ser o que eu realmente sou ja aos 21 anos =/ .. mas é isso aí, a vida segue..
ResponderExcluirAcredito que essas agressões acontecem em vários lares brasileiros sim, principalmente onde o poder aquisitivo é menor. Quanto menos cultura, maior o nível de brutalidade e ignorância.
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