terça-feira, 31 de janeiro de 2012

BBB 12 - Yuri acordando de pau duro

Iran Malfitano sem camisa andando de bike

Madonna divulga capa do álbum MDNA

Madonna divulgou a capa do seu próximo disco, que será lançado em 26 de março. O polêmico álbum, "MDNA", tem direção de arte 'psicodélica' de Giovanni Bianco, e foto de rosto da cantora, clicada por Mert e Marcus.

Esse é o 12º disco em estúdio lançado pela rainha do pop. A primeira música será apresentada durante o Super Bowl, no dia 3 de fevereiro. "Give Me All Your Luvin" conta com as participações das cantoras M.I.A. e Nicki Minaj.

BBB 12 - Jonas Sulzbach de sunga

Rodrigo Santoro exibe corpão em gravação de comercial



David Beckham aparece apenas de cueca

Novak Djokovic sem camisa

Pe Lanza do Restart manda rapaz " chupar o cu "dele!

Pe Lanze se irrita com rapaz que abre o carro dele e aos 00:50 minutos do video manda ele " chupar o CU " dele.

Thiago Lacerda sem camisa, mas poderia estar pelado



Sem camisa na cama, mas seria melhor o Thiago Lacerda pelado.....

Madonna - Give Me All Your Luvin



BBB 12 - Fael tem piu piu pequeno ?


Rodrigo e Mauz na praia

Madonna não vai à festa se a Lady Gaga for convidada.

The ongoing feud between Lady Gaga and the woman she impersonates--er--looks to for inspiration is heating up. Yes, Madonna the original individualistic, envelope-pushing, outré Material Girl has reportedly demanded that her pop star/provocateur carbon copy must be barred from any Oscar after party that Madonna attends. Oh well, you can't blame a woman for knowing what she wants--or doesn't want near her at a party.

Yes, Madonna reportedly issued an ultimatum almost a month before the 84th Academy Awards ceremony. Oscar after party planners must make a choice. They can either have Madonna at their party or they can have her cartoonish imitation, Lady Gaga. They cannot have both. Makes sense.

"It's unusual for Madonna to be so petty," reveals a source. "She doesn't usually act like this, even about bitter enemies such as Sean Penn and J-Lo. But she didn't want to be forced into a photo-op with GaGa."

And who can blame her? Madonna probably doesn't want to get close enough to the Lady to get stung by the live bees in her bonnet or to smell the meat in her dress which must get pretty putrid by the end of the evening. Of course, the always more polite Madonna put it more politely:

"I wouldn't go so far as to say I'm a control freak, but I am a detail freak," she explained.

Actually, Madonna was referring to the control she exerted as a director on her new film, "W.E." But hey, if the shoe fits.

Surfistas Pelados

Pelado no Big Brother U.K.

The Simpsons - Marge and Homer as Fashion Icons

Donatella Versace e Coco Chanel

As Diane Pernet and Karl Lagerfeld; Marge as Anna Wintour

Iris Apfel and Marc Jacobs

Grace Coddington and Suzy Menkes

Alber Elbaz and Donatella Versace (with Lisa as Allegra Versace)
Sketches by aleXander palombo

Spice Girls vão se reunir para jubileu da Rainha Elizabeth

Depois da notícia de que as Spice Girls poderiam se reunir durante as Olimpíadas de Londres, parece que os últimos boatos dão conta de que o grupo deve se apresentar durante as comemorações do Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth II.

Segundo a "Rolling Stone", foi isso que deu a entender Melanie Brown, mais conhecida como Mel B, durante uma entrevista a um canal de TV australiano. De acordo com fontes, após "dar com a língua nos dentes", a cantora demonstrou preocupação com o ocorrido: "Eu vou me dar muito mal por falar isso. É tudo muito secreto ainda."

Durante a entrevista, no entanto, Brown aparentou estar animada com a possibilidade de uma reunião: "Eu posso colocar meu cabelão black power e minhas plataformasa qualquer hora do dia. Eu vou ser sempre uma Spice Girl."

Fonte: Globo

Sambando de sunga com Aparecida

Mr. Spock, We Have A Problem!

Daniel Radcliffe vai tirar a roupa em seu novo filme, "Kill Your Darlings"

As fãs de Daniel Radcliffe vão ter outra oportunidade de conferir o ator como veio ao mundo. Após tirar a roupa em 'Equus', musical da Broadway, o astro dos filmes "Harry Potter" vai repetir a dose em seu novo filme, "Kill Your Darlings".

"Estou confortável com o meu corpo. É engraçado , na verdade, porque já tive essa mesma conversa com o diretor desse novo projeto. Vai ter um pouco de nudez e ele disse: 'Só para você saber, se rolar, você não vai poder aparar os pelos. É a década de 1940 e você é um judeu'", declarou Radcliffe ao ser questionado se não ficava constrangido em ficar nu novamente, pelo tablóide britânico "The Sun".

Aproveitando a revelação da exigência do diretor, o ator também contou como gosta da depilação nas mulheres: "Sei que é muita informação, mas não gosto de meninas com nada lá embaixo. Me assusta!".

Fonte: Globo

Madonna diz que rolou no chão porque havia perdido um pé de sapato durante famosa apresentação de 'Like a Virgin' no MTV Awards


Madonna nunca teve muito problemas em se exibir de lingerie, mas em entrevista ao programa de Jay Leno, exibido na TV americana na noite deste segunda-feira, 30, a cantora contou que 'pagou calcinha' por acaso na famosa apresentação de 'Like a Virgen' no MTV Awards, em 1984.



"Olha o que aconteceu. Eu estava no topo de um bolo de casamento, fui descendo os degraus, que eram camadas do bolo, e perdi um pé do meu sapato. Então pensei: 'Meu Deus, o que vou fazer?. Estou acabada e estou na TV'. Aí tive uma ideia: 'Tudo bem, vou fingir que estava planejado e rolar no chão até encontrar o sapato. Quando alcancei o sapato, o vestido subiu e a calcinha apareceu. Não foi planejado", contou.
Madonna contou ainda estar muito nervosa para sua apresentação na Super Bow, final do campeonato de futebol americano.



Fonte: Globo

Candidatos de reality show bebem sêmen de burro em prova

Os candidatos do reality show "Fear Factor", que vai ao ar pela NBC nos Estados Unidos, beberam sêmen de burro durante uma prova. O canal, contudo, está debatendo se leva as imagens ao ar, diz o site TMZ.

No episódio, gravado em 2011 e que deve ir ao ar na segunda, 30, os competidores provaram, além do sêmen, urina. No Brasil, o reality show, que é da Endemol, tem uma versão chamada "Hipertensão".

Fonte: Globo

Vai fazer a Eva e dar bola pra cobra do Jardim do Éden?

Pedro e João: a história de dois meninos gays e uma infância devastada

Um homem adulto narra seu percurso de dor para assumir sua sexualidade. E conta como, para se proteger, participou de atos de bullying na escola contra seu melhor amigo
Da infância, somos todos sobreviventes. Alguns mais do que outros. Esta é a história de um homem em busca de compreender a si mesmo. E de tentar, como adulto, ser diferente do menino pelo poder da narrativa. Esta história é contada aqui porque foi a nossa ignorância – a minha e também a sua – que destroçou a vida dessas duas crianças. E tem destroçado – às vezes em brutal literalidade, com tiros e pancadas – a vida de muitos – demais.

Antes, a história de como nos conhecemos. Ele me enviou o primeiro email no início de dezembro. Um amigo dele acabara de ser assassinado por homofóbicos, e ele tinha se deparado com uma campanha na internet que arregimentava pessoas a se unirem para executar homossexuais. Ele tinha medo de sair de casa. Estava assustado. E também com raiva. Pedia que eu denunciasse a campanha nesta coluna.

Respondi que escrever sobre esse tipo de manifestação era amplificar uma voz de ódio. Afinal, o sonho de quem divulga algo na internet é ser acessado, replicado, comentado, seguido, citado. Em vez disso, propus a ele que me contasse a sua história para – talvez – publicá-la aqui. Contar uma história que nos aproxime é a melhor resposta que podemos dar a quem usa as palavras para aumentar as distâncias.
Desde então, iniciamos uma correspondência. Chequei a sua identidade, mas respeitei sua decisão de ocultar seu nome. Nessa narrativa real, vamos chamá-lo de Pedro.

Filho único de uma família de classe média do interior de Minas, Pedro tem 28 anos, é engenheiro ambiental e hoje vive sozinho em Goiânia. Um brasileiro como tantos outros, que trabalha duro e paga seus impostos. Todo ano ele participa da parada gay, mas não é o que se poderia chamar de um militante do movimento. Em Goiânia, assume sua homossexualidade em todos os espaços – e também no trabalho. Mas preferiu se afastar da família a contar que era gay. Neste Natal, como veremos mais adiante, ele fez um pequeno grande gesto.

Aos poucos, ao longo da nossa troca de cartas virtuais, percebi que não se tratava apenas da história de Pedro. Mas da história de Pedro e de João. Quando era criança, o melhor amigo de Pedro era João. E era João quem não conseguia esconder dos colegas de escola que era gay. Pedro posicionou-se ao lado dos mais “fortes”, como tantos de nós a vida toda, e mais ainda na infância. Alinhou-se ao lado dos pequenos machos quando eles tornaram a vida de João um inferno humano. Tão humanamente infernal que ele acabou mudando de cidade no início do ensino médio. Como acontece ainda hoje em muitas escolas, nem professores, nem pais, nem colegas, ninguém fez gesto algum na direção de João. Todos permitiram, por ação ou omissão, que João fosse agredido, acuado, encurralado e, por fim, exilado.

Essa memória assombra Pedro até hoje. Como a maioria de nós, ele queria ter sido mais forte na infância. Não mais “forte” como os pequenos machos, tão atrapalhados com sua sexualidade que precisavam “denunciar” a do outro. Pedro queria ter sido tão forte quanto João, que ousava ser. Se tivessem sido os dois, talvez pudessem ter resistido mais. Mas, por muito tempo, Pedro mal pôde consigo mesmo. E então, quando ele já tinha sua própria vida adulta e independente, um de seus melhores amigos foi assassinado porque era. Gay. E Pedro, de novo, sentiu-se muito impotente.

Contar sua história talvez seja a forma encontrada por Pedro para inverter o curso dessa memória dentro de si. Pronunciar o que virou silêncio sem ser – e por assim ter sido tanto o feriu. A ele e a João, antes que ambos pudessem se defender. Quando pergunto sobre esse círculo que se fecha, Pedro escreve: “Acho que vai me incomodar pelo resto da vida”.

É espantosa a quantidade de dor que pode caber numa vida apenas por causa da ignorância. Da nossa ignorância. A história de Pedro – e também a história de Pedro e de João – é assim.

O começo: ou como Pedro expôs João para que não o descobrissem
“Nasci numa cidade do interior de Minas com 80 mil habitantes. Pequena, conservadora, cheia de falsos moralismos. Desde muito cedo eu percebi minha orientação sexual. Desde criança achava os meninos mais interessantes do que as meninas. Sempre pensei que no órgão sexual feminino faltava alguma coisa. E tinha curiosidade para ver o órgão sexual dos meus amigos. Mas nunca fui muito sexualizado na infância e nem mesmo na adolescência. Talvez evitasse a sexualidade pela consciência da minha orientação sexual.

Ainda no colégio, eu era uma pessoa extrovertida e comunicativa, mas quando percebi que havia algo de diferente, tornei-me recluso. Sempre estudei no mesmo colégio, com a mesma turma. Desde o início, tinha um colega que conseguia disfarçar menos sua homossexualidade e, para continuar pertencendo ao grupo, eu participava de ataques de bullying homofóbico. Estes eram os momentos nos quais eu me sentia pior.

João sempre estudou na mesma turma que eu. Éramos muito amigos na infância, nossas mães eram amigas e ambos éramos filhos únicos. Ele frequentou a minha casa e eu a dele, brincamos muito na infância, éramos os melhores amigos. Apesar de ser um ano mais velho do que eu, João não aparentava, porque sempre foi muito sensível e delicado. O fator ‘não jogar bola’ influencia muito o que as crianças pensam quanto à sexualidade de outra. E João não jogava.

É engraçado. Nunca trocamos uma palavra sequer em relação ao sexo. Ao menos, não que eu me lembre. Jogávamos muito videogame juntos, e geralmente ele passava pela manhã em minha casa para irmos ao colégio. Não sei bem explicar como, mas nossa relação e encontros foram tornando-se esparsos, até que nos tornamos meros colegas de sala. Ele passou a ser um garoto solitário, menos risonho. Aproximou-se mais das garotas e adquiriu ‘trejeitos’, que talvez sempre tenha tido, mas que somente com o amadurecimento e a consciência do mundo eu e os outros garotos começamos a perceber.
Eu tinha 12 ou 13 anos nessa época. Acho que, por pertencer a uma família que preserva bastante as tradições mineiras, na qual era comum escutar comentários homofóbicos e até mesmo racistas, eu tinha o preconceito internalizado de que a homossexualidade era algo errado. E é muito estranho ser ‘errado’. Eu não tinha com quem conversar, eu não tinha com quem dividir meus desejos. E acho que foi a fase na qual eu tive mais medo na minha vida. Era um medo de tudo, um medo de mim.

Adquiri repulsa por alguém que eu imaginava ser a pessoa que mais se assemelhava a mim. Julgava-o sujo. Era como se o distanciamento que criei com ele disfarçasse a minha sujeira. Não sei bem ao certo, mas em virtude de suas maneiras mais delicadas, nós, os meninos, simplesmente deixamos de conviver com ele. Não sei como surgiram os primeiros episódios de bullying. Mas, aos poucos ele começou a ser motivo de chacota na sala e, em pouco tempo, de todo o colégio.

Crianças e adolescentes têm uma maldade que eu não entendo. Todos os dias escrevíamos no quadro seu apelido: “João viadinho”. A situação de bullying era clara. Ele sofria muito, era perceptível. Quando cruzávamos com ele, ríamos e imitávamos trejeitos femininos. Os meninos da sala não o tocavam, pois, caso isso ocorresse, pegariam ‘viadice’. Imagino o quanto isso foi dolorido para ele.

Logo, ele começou a permanecer todo o recreio dentro da sala de aula. E as agressões passaram do campo das palavras para o físico. Em suas tentativas de revide, ele levava tapas, socos e pontapés. Eu não cheguei a fazer isso. Mas, os outros garotos, sim. Quando ele passava pelo corredor, próximo ao grupinho dos ‘machos’, além de um ‘E aí, viadinho?’, ele levava sempre uns bons tapas, e sempre havia algum engraçadinho para sair rebolando atrás dele. Eu nunca o olhava nos olhos. Sentia muita vergonha.

É uma dinâmica estranha. Você tem que pertencer a um grupo, e ser diferente te exclui. Hoje, entendo que muita daquela repulsa estava relacionada a um certo grau de atração que eu sentia por ele. E aquilo para mim era errado. Os professores nunca tomaram nenhuma atitude. Ninguém nunca tomou nenhuma atitude. Escutei trechos de uma conversa de minha mãe com a mãe dele em relação à sua sexualidade, mas não consegui entender muito e não fui capaz de tocar no assunto. Até hoje não consigo compreender como fui capaz de ter feito tudo aquilo. Sei que fui muito covarde. Porque, no fundo, eu sabia pelo que ele estava passando. E nunca lhe estendi a mão.

Quando você se descobre gay – o que faz você se sentir diferente da maioria –, isso faz com que, de uma maneira inconsciente, você lute para ser igual. É uma resistência interna, uma forma estranha de luta entre o ‘você aparente’ e o ‘você real’. Eu tinha aversão ao meu corpo, a toda e qualquer coisa relacionada à sexualidade. Qualquer programa de TV, livro ou texto que se referisse à sexualidade me causava pânico. Eu não passei pela fase comum aos adolescentes, na qual a masturbação é uma atividade comum. Eu sentia medo, pois era nessas ocasiões que eu tinha a certeza de que realmente era homossexual.

Não é somente seu ciclo social que é quebrado através da fase de reclusão. Dentro de você é como se o fator sexualidade também fosse rejeitado. Sexo assusta. O que não se aceita é melhor que fique escondido. Acho que senti repulsa por João ao perceber que alguém tinha uma aceitação maior consigo mesmo do que a que eu tinha para comigo. Eu conseguia reprimir, então era difícil aceitar que aquela pessoa não conseguisse.

Eu nunca o defendi. Tinha medo de que toda aquela repulsa se voltasse contra mim. João saiu da escola e da cidade no final do primeiro ano do ensino médio. Mudou-se para Uberlândia (MG). Nesse meio tempo, acho que até mesmo por um grande peso na consciência, foi a minha vez de me afastar. Tranquei-me no quarto e não queria sair de lá.”


Pedro se esconde – até de si mesmo
“No segundo ano do ensino médio, minha consciência da orientação sexual atingiu seu ápice. Eu não conseguia mais me esconder muito e tinha muito medo da reação das pessoas. Forçava-me a pensar somente em meninas, mas já não conseguia mais fazer isso. As Playboys, compradas escondidas pelos amigos, não me interessavam nem um pouco. Eu me excitava justamente pensando na excitação dos meus amigos diante daquelas imagens.

Foi uma fase muito difícil. Eu inventava um monte de histórias para não ir ao colégio, me afastei de tudo e de todos. Minha vontade era ficar trancado no quarto para que ninguém pudesse me ver. Acho que, no fundo, eu estava me punindo pelo meu comportamento errado frente à sexualidade de João. Não sei bem o que seria depressão, mas, se por algum momento da minha vida passei por isso, foi justamente nesse ápice de consciência.

Lembro que chegava a me mutilar. Tinha raiva de mim, de minha imagem. Tinha nojo do meu órgão sexual e de qualquer ereção eventual. Eu evitava levantar da cama, tinha muito sono, não queria conviver com ninguém. Lia bastante, muito, mas muito mesmo... Nessa época li tudo de Dostoiévski, Tolstói. Um personagem em especial me acompanhou pela vida inteira: Kirilov, do livro ‘Os Demônios’, de Dostoiévski. Ele dizia algo como: ‘Deus é o medo de depois da morte’.

Foi nessa época que minha mãe percebeu que tinha algo de errado comigo e me mandou para um psicólogo. Mas não tive nenhuma afinidade com ele. Não podia confiar em alguém que minha mãe pagava. Ali, no consultório, eu ajudei a moldar ainda mais meu personagem, pois tinha que tentar me desvencilhar de alguém que, teoricamente, estaria preparado para fazer uma leitura das pessoas. Lembro vagamente de que, na primeira consulta, ele afirmou: ‘Sua mãe me disse que você tem andado triste e tem ficado muito tempo trancado no quarto. E aí, o que está acontecendo?’. Senti-me pressionado. Depois dessa experiência, nunca mais voltei a psicólogos.

Aos 15 anos, eu estava tão solitário que pensei em parar de estudar ou mudar de colégio. Se as pessoas que conviviam comigo soubessem de alguma coisa, meu mundo poderia acabar. Não frequentei nenhuma das festinhas de 15 anos de minhas amigas, não fui à festa alguma, não fui adolescente. Nesse período de reclusão, eu passava o fim de semana todo trancado no meu quarto. Por um lado foi bom: estudei muito e não tive nenhuma dificuldade para passar no vestibular. Acho que é essa reclusão, causada pela dificuldade de autoaceitação, que faz com que muitos dos gays sejam bem sucedidos nos estudos. É como se perdêssemos um período da vida social e buscássemos nos livros um afago.”


Pedro tenta fugir – mas não há fuga de si mesmo
“Passei em três universidades federais. A minha escolha foi pela UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), não porque era meu curso predileto, mas sim porque Ouro Preto era a cidade mais distante da casa de meus pais. Com 17 anos mudei-me para Ouro Preto, pensando que tudo seria diferente. Não foi. Cursei engenharia numa cidade que priva pelo tradicionalismo, convivendo em repúblicas com cerca de 15 homens. Todos, ao menos aos olhos da comunidade universitária, heterossexuais.
Bem no início do curso, eu presenciei uma cena que me trancou ainda mais dentro do armário: um dos moradores de uma república vizinha à minha, líder estudantil, influente no meio acadêmico, foi flagrado contando à empregada da casa que tinha um caso com outro estudante. O apelido dele tornou-se sinônimo de gay no ambiente universitário. Os outros moradores da casa nem pestanejaram: jogaram todas as coisas dele para fora da casa. Nem se deram ao trabalho de ouvir um cara que havia morado com eles nos últimos quatro anos. Foi muito estranho ver as coisas dele jogadas no chão da famosa Rua Direita.

Eu era um adolescente exemplar. Nunca tinha bebido, nunca tinha usado drogas. Era virgem, nunca beijara ninguém. Nessa época, comecei a viver em uma história inventada. Para me inserir em um grupo, eu comecei a usar um disfarce. O ‘porra-louca’ heterossexual. Beijava meninas, mas tinha muito medo de que alguma delas quisesse algo mais. Comecei a beber muito e a ser usuário de maconha e, mais tarde, de cocaína. Era uma fuga, era um jeito de ser querido por um grupo, era uma forma de estar inserido. Era ser comum. E assim foi durante cinco anos. Anos lentos, intermináveis.

Uma colega de sala foi a primeira pessoa que soube de minha homossexualidade, já no final do curso. Foi uma explosão. Era como se eu estivesse tirando o maior peso do mundo de minhas costas. Só consegui dizer: ‘Sou gay’. E comecei a chorar sem parar. Era um misto de medo da reação e de alívio indescritível. Pela primeira vez eu tirava a minha máscara para um outro ser humano.
Formei-me na universidade em 2006, com 22 para 23 anos. Era virgem, escolado no submundo do álcool e das drogas. Antes de me mudar de Ouro Preto, reuni todos os 15 rapazes que moravam comigo na república. Eu não queria sair daquela casa tendo omitido quem eu realmente era. Nessa reunião, completamente drogado, eu vomitei, com certa raiva de mim e de tudo, que eu era gay e que aquilo era o mínimo que eu podia fazer por pessoas com as quais eu convivi.

Logo após um silêncio, nada convencional, eu presenciei as mais distintas reações. De ódio a apoio. Há pessoas com as quais nunca mais troquei palavras. Mas também recebi um carinho que eu não imaginava que fosse possível. Descobri que, apesar dos revezes, eu encontraria pessoas que não encaravam aquilo como aberração. Acho que aquele momento foi fundamental para que eu pudesse encarar a vida. Eu nunca tinha encostado em um homem, eu nunca tinha tido uma relação verdadeira. Na verdade, acho que toda a minha felicidade era falsa.”

Pedro tira a máscara – arranca-se de si
“Passei em um concurso público estadual e fui trabalhar em Uberlândia. A independência financeira é muito importante para um homossexual, significa o primeiro momento em que não é preciso dar satisfação a ninguém sobre o que você sente. Fui para Uberlândia com a pretensão de viver.

Logo no primeiro fim de semana, resolvi ir até uma casa noturna GLS. Era 4 de agosto de 2006. Recordo a data porque até hoje mantenho o folder (propaganda da casa). Esse folder é como se fosse a minha Lei Áurea. Representa a minha liberdade.

Minha noite foi tragicômica. Hoje dou muita risada ao lembrar. Eu era um gay ‘não gay’. Logo, fui com uma roupa inadequada, social demais. Não conhecia nenhuma música, afinal vivia ouvindo rock e nem imaginava quem era Britney Spears. Não consegui disfarçar minha surpresa ao ver todas aquelas pessoas descoladas e felizes, de mãos dadas. Era como se aquelas mãos dadas me hipnotizassem, era absolutamente sensacional cada flagra de beijo. Os transexuais, travestis e drag queens me assustavam, era como se tivesse que manter distância. Afinal, até aquele dia, era isso que a vida tinha me ensinado.

Cheguei bem tarde, depois de ter dado várias voltas no quarteirão, por medo de ser identificado nas proximidades daquele ambiente. No lounge, sozinho, atento aos diálogos alheios, me impressionava o caos relativo ao gênero: ‘amiga’, ‘bicha’. Minha primeira visita ao banheiro foi hilária. Entrei e saí correndo. Era um misto de medo, tesão, tensão, apreensão e uma felicidade doida. Nem imagino o que as pessoas pensavam daquele cara que passou a noite inteira sentado numa cadeira do balcão, atento a tudo, surpreso e com um sorriso estampado no rosto. Quando se aproximavam de mim ou percebia um flerte, eu me esquivava e de certa forma corria. Lembro que naquele dia nem dormi direito relembrando cada momento.

Na noite seguinte, não resisti e voltei à mesma casa noturna. Nessa segunda noite, mantive um diálogo com o bartender. Talvez, pela ansiedade, tenha bebido muito e isso tenha feito com que baixasse a guarda e permitisse que as pessoas se aproximassem. Fiquei até muito tarde. O bartender veio, então, conversar comigo. Não lembro ao certo, mas acho que falei muita besteira. Eu suava frio, tremia. Acho que, percebendo meu estado alcoólico, e depois de saber que aquela era a minha segunda noite num ambiente gay, ele arriscou um beijo. 5 de agosto de 2006: aos 22 anos, eu fui beijado pela primeira vez por um homem.

Aquilo foi muito para mim. Afastei-o, não me despedi e saí o mais rápido que pude daquele lugar. Senti repulsa pelo meu corpo, senti nojo de mim. É estranho, mas foram sensações completamente antagônicas, uma oposição entre o meu desejo e o que a sociedade me imprimiu. Ao mesmo tempo que era prazeroso, eu sentia rejeição pelo fato de estar beijando um homem. Apesar de ser meu maior desejo, era algo que eu tinha aprendido ser inaceitável.

Em casa, escovei os dentes diversas vezes. Como se aquilo pudesse apagar meu ato, como se fosse possível redimir o meu ato. Por quê? Porque eu fui ensinado assim. Porque fui criado num berço católico no qual minha recente atitude era pecado. Eu era uma aberração.

Como filho único, eu também sentia vergonha por ser uma decepção muito grande para a minha mãe, que sempre teve a expectativa de ter netos. Naquela manhã, eu era o maior lixo do mundo. Abusei ao extremo do uso de cocaína, associada ao uso de ansiolítico. E o que me deixava pior era a sensação: ‘Tinha sido muito bom’. Chorei muito.
Não sei ao certo, mas acho que por dois ou três meses retornei à minha reclusão. Passava os finais de semana em casa, reprimindo meus desejos. Mas nada pode ser reprimido para sempre.

Depois de uma festinha de aniversário de uma colega de trabalho, num local próximo à casa noturna que já tinha frequentado, eu criei coragem e, após contornar diversas vezes o quarteirão, entrei. Receoso, troquei olhares com o bartender. Encarei, flertei, fui retribuído. O tempo demorou a passar e já era quase dia quando ele pôde sair do bar e vir ao meu encontro. Dessa vez, fui eu que tomei a iniciativa e o beijei. Dessa vez, eu não fugi e aquela meia hora em que ficamos juntos foi a primeira vez que um cara de 23 anos estava aceitando a si mesmo. Era a primeira vez que eu podia dizer que estava realizado, feliz.

Depois daquela noite, passamos a nos encontrar em todos os finais de semana. Mas, sozinho em casa, depois dos beijos, eu ainda me sentia angustiado e estranho. Tive a sorte, porém, de ter encontrado uma pessoa fantástica, que respeitava as minhas restrições. E elas eram muitas. A primeira vez em que permiti algo mais íntimo foi após dois meses de encontros, fim de semana após fim de semana. Meu namorado só começou a frequentar a minha casa após três meses de relacionamento. Ele compreendia, mas não deixava de ficar chateado com tamanho recalque. Cobrava sexo, mas eu tinha muito medo. Estávamos juntos havia cinco meses quando, pela primeira vez, ele foi dormir comigo. E foi a primeira vez que tivemos uma relação sexual. Era também a primeira relação sexual da minha vida.”

Pedro descobre que não o perdoam por ser
“Mesmo trabalhando para um órgão que, a princípio, deveria privar pelo cumprimento das leis, eu já sofri homofobia. Sinto um certo afastamento por parte de algumas pessoas simplesmente pelo fato de eu não querer me esconder mais. Minhas opiniões e minha qualidade técnica são diminuídas por causa da minha orientação sexual. Por quê? Ser gay me tornou menos competente?

Sinto raiva de uma sociedade que tem medo de ver beijo gay na novela das oito, mas que se delicia assistindo às piores atrocidades nos noticiários sensacionalistas. Fico me perguntando: por que eu incomodo tanto? Por que gostar de alguém traz tanta violência? De onde vem esse ódio?

É muito difícil compreender por que a comunidade evangélica, por exemplo, é capaz de perdoar a assassinos ou bandidos que se converteram à religião e não aceitam que eu caminhe de mãos dadas com meu namorado pela rua. Qual é o crime de se caminhar de mãos dadas pela rua?

Há pouco perdi um de meus melhores amigos e sei que seu assassinato ficará impune. Estamos no Brasil e não vai ser a primeira vez que um crime ficará impune. Pior ainda se são crimes de homofobia ou crimes que a nossa homofobia internalizada não permite que sejam investigados.

Uma vez eu fui vítima de um golpe conhecido como ‘Boa Noite Cinderela’. Apesar de todos os protestos de que não devia fazer um B.O. (boletim de ocorrência), fui até uma delegacia. E lá realmente desisti de fazer o B.O.. Nunca fui tão humilhado em toda a minha vida. O policial que me atendeu teve uma crise de riso enquanto eu relatava o caso. Aposto que não seria esta a reação caso o evento tivesse ocorrido com um macho alfa. Eu desisti de denunciar, voltei para casa e me senti a pessoa mais impotente do mundo.

Em outra oportunidade, vi um grupo de adolescentes na saída de uma festa GLS agredindo um garoto que aparentava estar muito bêbado. Novamente, apesar dos protestos de um namorado da época, interferi e acabei me dando muito mal. Apanhei um pouco, pois nem tenho porte físico para enfrentamentos e, quando a polícia chegou, os três adolescentes foram protegidos, e eu quase fui parar na delegacia. Segundo os policiais, eu estava gerando desordem.

Já perdi a conta de quantos amigos, em Goiânia ou em Uberlândia, já sofreram agressões na rua por serem gays. Ao tentar denunciá-las, as vítimas foram ridicularizadas, e os agressores liberados. Eu não tenho mais coragem de procurar a polícia para denunciar qualquer forma de preconceito. Vivemos no nosso mundinho, disfarçados. Vivemos num ‘gayto’.”


Pedro aproxima-se dos pais – que não sabem (ou fingem não saber) que é
“Distanciei-me dos meus pais há muito tempo. E continuei cada vez mais distante. Morando há três anos e meio em Goiânia, eles nunca tinham vindo me visitar. Neste final de ano, pela primeira vez, eu convidei-os a passar o Natal na minha casa. E eles vieram. Acho que minha pequena atitude abriu uma brecha para novamente possuir uma família, possuir um colo de mãe.

Não que meu Natal tenha sido maravilhoso. Na verdade, foi cheio de conflitos. Eu e minha mãe nos desconhecemos por completo. Eu e meu pai nem nos falamos, e então surgem diversas divergências. Eles chegaram no dia 23 de dezembro, à noite, e foram embora no dia 25, pela manhã.

Na tarde de Natal, descobri uma cartinha que minha mãe tinha deixado sobre o sofá. Transcrevo aqui um trecho: ‘O que mais queremos é a sua realização em todos os sentidos, pois, de qualquer forma, você é nosso único tesouro e não queremos continuar dessa forma. Infelizmente, precisamos te conhecer melhor. E saiba: seja qual for a circunstância, estaremos com você. Você sabe que não podemos adiar o que queremos, ainda mais que já estamos em contagem regressiva. Espero que leia umas várias vezes essa recomendação. Se não quiser comentar sobre ela falando, me escreva e me conte um pouco de você. Beijos. Te amamos muito. Mãe e pai’.

Tenho passado esses últimos dias pensando em qual seria a melhor forma de contar tudo de mim para meus pais. Mas ainda não descobri como. Já tentei escrever uma carta umas dez vezes, mas, ao final, rasgo tudo. Como se o que estivesse escrito ali fosse algo que tivesse o poder de torná-los extremamente infelizes."

O meio: ou como Pedro reencontra João no gesto possível
“Eu era só um menino, mas foi com João que senti remorso pela primeira vez, que tive consciência do que é covardia. Voltei a encontrá-lo em nossa cidade do interior mineiro em algumas poucas oportunidades. E em todas elas não fui capaz de me reportar a ele. João assumiu sua homossexualidade, e não posso esquecer os comentários maldosos de minha mãe, com suas amigas. Eu sentia raiva.

João tornou-se arquiteto. Quando me mudei para Uberlândia, vivíamos na mesma cidade e ainda hoje temos alguns amigos comuns. Mas nunca dividimos uma roda de amigos. É um somatório de minha vergonha e da sua mágoa. Para alguns dos amigos em comum, eu contei toda a história. Segundo eles, ele nunca mencionou o assunto.

Uma noite, identifiquei-o numa boate GLS. João havia se tornado um homem extremamente efeminado, mas muito lindo. Estava rodeado de amigos e, assim que tive oportunidade, eu o abordei. Entendo completamente as poucas palavras que ele dirigiu a mim. Havia mágoa na forma como ele me tratou, e eu compreendo a sua postura. Não toquei no assunto. Senti muita vergonha e, assim que pude, me afastei. Não consegui pedir desculpas. Algum tempo depois eu soube que João havia se mudado para a Austrália. Não sei se um dia voltarei a vê-lo”.

Fonte: Época

Big Brother Inglês é bem mais interessante!

Trocando as bolas, mesmo sem ter...



O importante é ter um namorado rico...

Travestis e transexuais já podem usar seus nomes sociais em boletins de ocorrência no Rio

A partir de março, travestis e transexuais poderão usar seus nomes sociais quando forem registrar crimes e ocorrências que envolvam o segmento gay em todas as 164 delegacias da Polícia Civil no Estado do Rio. O nome social é a forma que travestis optam por identificar-se ao invés de usar o nome de registro.

O Rio de Janeiro é o primeiro Estado a adotar esse procedimento nas delegacias que, segundo lideranças e defensores dos direitos homoafetivos, é uma iniciativa pioneira que ajudará a reduzir o número de subnotificações de crimes homofóbicos que tenham como vítimas travestis e transexuais.

Segundo o coordenador do Programa Rio sem Homofobia, Cláudio Nascimento, esta é a população que mais sofre com a transfobia e a discriminação.

“Não temos como identificar quais são as ocorrências envolvendo essa população. O registro policial não tem a inclusão de nome social e isso gera uma situação de constrangimento nas delegacias e também subnotificação de casos de violência contra travestis e transexuais”, afirmou Nascimento que atua na Superintendência de Direitos Individuais Coletivos e Difusos da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos do estado do Rio.


Rio é pioneiro

Nesta segunda-feira (30), a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, recebeu Nascimento e uma delegação de 10 travestis e transexuais para anunciar a nova medida que torna o Rio o Estado pioneiro a incluir os nomes sociais nos boletins de ocorrência.

“A gente espera que sirva como inspiração para que outros Estados possam pensar na possibilidade de incluir. Não mexe em orçamento, e gera um tratamento humanitário, inclui a gestão pública no marco civilizatório de dignidade. A maneira de medir o grau civilizador de um país é sabendo como ele trata as suas minorias sexuais”, argumentou Nascimento.

Nas próximas duas semanas as delegacias receberão treinamentos e capacitações de como fazer o atendimento e realizar o registro. O Programa Rio Sem Homofobia já capacitou mais de 5.000 policiais militares e outros 1.200 civis para dar tratamento qualificado a esta população.

“Quando tem uma situação de preconceito a gente denuncia para a corregedoria da polícia. Isso é mais adequado e gera uma mudança na estrutura da segurança. A identidade de gênero vai possibilitar a gente ter mais dados efetivos sobre a situação de violência contra essa população e fazer com que tenhamos a capacidade de promover ações concretas de atenção a elas”.

Em 8 de julho de 2011, o governador Sérgio Cabral assinou o decreto de n.º 43.065 que dispõe sobre o direito ao uso do nome social por travestis e transexuais na administração direta e indireta do Estado do Rio.

“Essa população já é vitimizada, não queremos que ela seja vitimizada pela segunda vez numa delegacia de polícia. A Polícia Civil já está inserindo no registro de ocorrência o nome social. As pessoas que procurarem uma delegacia, seja na condição de vítima, testemunha ou de autor, podem utilizar o seu nome social”, anunciou a chefe de polícia.

Martha Rocha afirmou ainda que, antes mesmo do Carnaval, irá promover um encontro com todos os delegados de áreas onde haverá eventos carnavalescos de público gay.

Travestis são os mais perseguidos
No Estado do Rio, existem três centros de referência de cidadania e combate à homofobia LGBT, na Central do Brasil, no centro do Rio; no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; e em Nova Friburgo, na região serrana.

Em 2011, os centros realizaram no total 5.000 atendimentos, dos quais 2.000 envolviam homofobia. E destes, 20% afetavam diretamente travestis e transexuais, contabilizando 400 registros. “Se pensarmos que essa população é o menor segmento da comunidade LGBT, em números proporcionais, esse segmento segue sendo o mais perseguido”, criticou.

A cantora transformista Jane Di Castro considera esta medida como uma vitória para a comunidade gay. “É uma vitória, sou militante desde os anos 60 e nunca pensei chegar neste século com essa mudança. Hoje estamos sendo respeitadas. Naquela época não tínhamos direito nenhum, só o de apanhar. O direito de reclamar era cortado porque éramos homossexuais, gays, travestis. Era mais fácil ir à delegacia para reclamar e acabar sendo presa”, disse ao UOL Jane Di Castro ao lembrar que já viveu muitas situações de desprezo por agentes de segurança e que tinha medo de reclamar e, por isso, preferia omitir.

Já a coordenadora do Centro de Referência de Combate à Homofobia do Estado do Rio, a travesti Marjorie Marshi, 37, e assumida desde os seus 13 anos de idade, receia se a política de fato será respeitada. “Como toda política recém implementada, a gente no fundo tem um receio se vai ser desenvolvida de acordo com o que foi criado. Isso é um primeiro passo de formação e construção coletiva. Nenhum decreto modifica uma realidade por si só”, salientou.

Segundo disse ao UOL Marjorie, esta iniciativa de incluir os nomes sociais é reflexo de pelo menos sete anos de luta, quando foi fundada a associação de travestis e transexuais do Rio. “Essa iniciativa é um reflexo do movimento de travestis que pleiteou e desenvolveu a proposta e agora está sendo brindada com o momento de transformar um pleito em política de fato”.