quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

J. Edgard Hoover, chefão do FBI que era racista e mulato, homofóbico e gay

O filme J. Edgar estreou nos cinemas do Brasil na sexta-feira passada, 27 de janeiro. Com direção de Clint Eastwood, "J. Edgar" conta a biografia do polêmico criador do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos. No elenco, destaque para o protagonista Leonardo DiCaprio, que interpreta com maestria J. Edgard Hoover. Em entrevista para lançamento do filme, Eastwood diz que se interessou pela história devido à complexidade de seus personagens. "Gostei do fato de os mocinhos não serem totalmente bons e os bandidos não serem totalmente maus. Todos têm seus defeitos, sua lógica e uma justificativa para o que fazem", comentou o diretor de Hollywood."

Conheça melhor esse personagem polêmico.

Racista dos mais violentos, perseguidor de comunistas ou simpatizantes, torturador de jornalistas, editores e militantes dos direitos civis, o abominável biografado de hoje chamava-se John Edgard Hoover.

Teria nascido em 1º de janeiro de 1895, filho de gente da classe média - existem controvérsias - e falecido, de verdade, em 2 de maio de 1972. Seu avô, pai, sobrinho e irmão trabalharam para o governo. Mas ninguém na família - e no serviço público norte-americano – até hoje teve tanta importância. Chefiou com mão de ferro, durante 48 anos, o FBI. No governo do Presidente John Calvin Coolidge, sabe-se lá por que razão, obteve o cargo a nível vitalício.

Serviu a oito presidentes (de Coolidge a Richard Nixon), sendo mais poderoso que todos eles e confidente de muitos. Criou uma polícia paralela que usava meios ilegais para vigiar não só criminosos, mas todos aqueles que sua paranóia identificava como “inimigos do sistema”. Foi o idealizador do National Crime Laboratory e do National FBI, ainda hoje o melhor curso de pós-graduação policial do mundo.

Especializado em dissolver movimentos de liberação dos homossexuais, manteve durante 40 anos uma relação estável com seu vice no organograma: Clyde Anderson Tolson (22/5/1900 – 14/4/1975). Nos corredores do FBI eram conhecidos como "J. Edna and Mother Tolson". Truman Capote, sempre irreverente, se referia aos dois como "Johnny and Clyde". Rumores contam que o mafioso Meyer Lansky usou fotos que comprovavam a homossexualidade de Hoover - ele e Clyde fazendo sexo em uma praia, na era pré-YouTube - para calar a boca do FBI a respeito das suas atividades criminosas

E, tudo indica, o racista também era afro-americano. A publicação de um livro de autoria de uma descendente de escravos do Mississipi reabriu a questão.

A “Operação Fruehmenschen”
Em janeiro de 1988, o deputado Mervyn Dymally inseriu nos anais do Congresso Americano uma declaração juramentada do ex-agente Hirsch Friedman sobre a “Operação Fruehmenschen” (em alemão, frueh=primitivos e menschen=seres humanos). Palavras do agente Friedman: “O objetivo desta polícia paralela era investigar as causas da promoção de oficiais e eleição de candidatos negros nas maiores cidades americanas” - cerca de 300 “seres humanos primitivos” foram investigados.

Hoover não acreditava que negros tivessem capacitação social ou intelectual para dirigir instituições ou participar de organizações governamentais. Tornou-se famoso e temido pelas perseguições contra membros do Partido Comunista e (pasmem!) da Ku Klux Klan. Durante a Lei Seca prendeu Al Capone e John Dillinger.

Nos anos 50, mergulhou de cabeça no Macartismo ou a “Era do Pânico Vermelho”, um movimento conservador e anti-comunista ocorrido nos Estados Unidos entre 1950 a 1954 liderado pelo senador Joseph McCarthy e seus adeptos. Hoover usou e abusou da delação e da intimidação e se dedicou a infernizar a vida de comunistas e simpatizantes, causando suicídios, provocando exílios voluntários e encerrando carreiras promissoras nas artes e no cinema.

A obsessão do chefão do FBI era centrada “no espectro do casamento interracial”, nas escolas mistas, nos menos de 1% de agentes negros do FBI e, sobretudo, na figura carismática de Martin Luther King.

Uma campanha infamante foi deflagrada para destruir o líder, usando chantagem e sugerindo que o suicídio do religioso seria a melhor saída quando certas fitas comprometedoras fossem liberadas. Em 4 de abril de 1968, dia do assassinato de Luther King, foram ouvidos gritos “jubilosos” no quartel general do FBI em Atlanta: “Mataram o fdp!”.



Fonte: Uol

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