domingo, 1 de janeiro de 2017

2016 pode ter sido o Ano que mais morreram Homossexuais no Brasil !


O número de homicídios de pessoas gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais deve crescer em 2016 e superar as ocorrências dos últimos anos. A tendência é revelada pelo Grupo Gay da Bahia,  que anualmente elabora o Relatório de Assassinatos LGBT no Brasil. Dados preliminares do levantamento apontam que o ano deve ser fechado com o total aproximado de 340 mortes, maior número registrado nos últimos anos.
“No ano passado (2015), foram 318 mortes. Até agora, estamos com 329 mortes, mas temos alguns casos aguardando confirmação e o ano deve ser fechado com aproximadamente 340 mortes. Em 36 anos que monitoro os dados, nunca chegamos a esse número”, afirmou Luiz Mott, antropólogo fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB).
Segundo ele, o aumento se deve a vários fatores, como a coleta mais sistematizada de informações e a reação conservadora ao maior número de pessoas que vem assumindo sua condição sexual. “Hoje, tem mais homossexuais e trans saindo do armário por causa das paradas gays e outras campanhas; e isso os deixa mais expostos a situações de violência, o que levou ao aumento generalizado de crimes”, explicou Mott.
O estudo mostra que a maior parte das mortes (195) ocorreu em via pública, por tiros (92), facadas (82), asfixia (40) e espancamento (25), entre outras causas violentas. O assassinato de gays lidera a lista com 162 casos, seguido dos travestis (80), transexuais femininas (50) e transexuais masculinas (13). A instituição recebe informações das mortes por outras entidades, por familiares e amigos das vítimas, mas a principal fonte da base de dados são os casos divulgados pela imprensa. O levantamento é reconhecido pela Secretaria Especial de Direitos Humanos.
A subnotificação das mortes ainda é um desafio para as entidades que monitoram o problema. Mas, só pelos resultados do último relatório, a ONG constatou que uma pessoa LGBT morre a cada 28 horas no Brasil. E se a tendência de aumento se confirmar, o intervalo pode cair para 24 horas. “É apenas a ponta do iceberg, porque muitos são assassinados e as testemunhas escondem”, disse Mott.
Nordeste lidera
O estudo mostra que a liderança dos casos nos últimos anos é do Nordeste, mas outras regiões tem despontado com casos graves. “Atribuo isso ao conservadorismo e à falta de informação. A surpresa deste ano é o estado do Amazonas, que registrou até o momento 29 mortes. Proporcionalmente, o dado é chocante, embora São Paulo sempre registre o maior número absoluto”, disse Mott.
Entre os casos contabilizados, está a morte recente do ambulante Luís Carlos Ruas, espancado na noite de Natal por dois homens, numa estação de metrô em São Paulo, ao defender moradores de rua e travestis. O GGB configurou o ataque como um crime LGBTfóbico. Apesar de se tratar da morte de um heterossexual, de modo indireto “não deixa de ter também um crime LGBTfóbico. Afinal, a confusão começou pela defesa de uma travesti”, explicou Agatha Lima, integrante do Conselho LGBT de São Paulo e da Associação de Transexuais, Travestis, Transgêneros.
Cerca de “99% dos crimes contra LGBTs tem como agravante a intolerância, além da vulnerabilidade de grupos como os travestis, que geralmente estão nas ruas em condições mais marginalizadas, envolvidas com prostituição e uso de drogas devido à exclusão sofrida em outros espaços da sociedade”, explicou Mott. A opinião é compartilhada por outras organizações de defesa dos direitos das pessoas Trans, que engloba homens e mulheres transexuais e travestis.
Líder mundial
O alto índice de violência levou o Brasil à liderança do ranking mundial de assassinatos de pessoas transexuais em 2016. Das 295 mortes de transexuais registradas até setembro deste ano em 33 países, 123 ocorreram no Brasil, de acordo com dados divulgados em novembro pela ONG Transgender Europe. O México, os Estados Unidos, a Colômbia e a Venezuela seguem o Brasil em números absolutos do ranking de mortes de transexuais.
O relatório europeu mostra que, de janeiro de 2008 a setembro de 2016, foram registradas 2264 mortes de transexuais e transgêneros em 68 países. Nos oito anos da pesquisa, o Brasil contabilizou 900 do total dos casos, o maior número absoluto da lista. “Há décadas o Brasil é campeão mundial nos crimes contra a população LGBT. Comparativamente aos EUA, por exemplo, matamos de 30 a 40 LGBTs por mês, enquanto que lá morrem 20 por ano. O principal motivo é a LGBTfobia individual e cultural, que incrementa os crimes letais no nosso país”, diz Mott.
A conselheira Agatha Lima, disse que as associações estão dialogando com a ONU sobre essa questão. “Em primeiro lugar, isso é um absurdo. Em segundo lugar, ao mesmo tempo que o Brasil é o país que mais mata, é também o que tem a maior clientela para os profissionais do sexo trans. No país inteiro, existem 1,4 milhão pessoas trans, e 90% delas vivem do mercado do sexo, por causa da exclusão e do preconceito que sofrem no mercado de trabalho formal, em casa e nas escolas”, disse.

8 comentários:

  1. Só sinto vergonha do Brasil, em 2016 não teve um dia que não senti vergonha de ser brasileiro.
    Depois do golpe que levou muitos mal carateres ao poder, pensei seriamente em migrar para outro país.
    Não só existem coisas ruins no Brasil, mas para cada coisa boa existem pelo menos 5 ruins.
    Se voces tiverem a possibilidade morar fora do Brasil, vá enquanto esta vivo.
    Tem dias que me sinto como um judeu na Alemanha nazista.

    Fé em Deus.

    Rene - PB

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    1. Então, outro dia vi no jornal da BAND grupos radicais que se espalham pela Europa fazendo o terror com os imigrantes de lá, um terror só, até matam, imagina o que não fazem com os homossexuais de lá, ou seja fora do Brasil o coisa está pior ainda, muito radicalismo de grupos altamente xenófobos e intolerantes. A coisa está feia mesmo, não tem para onde correr. Lamentável.

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    2. E a tendência é de que, infelizmente, a coisa piore, com o prosseguimento do recrudescimento à aceitação das minorias, seja no Brasil (onde a bancada evangélica vem ganhando cada vez mais espaço), seja em outros lugares do mundo (como nos EUA, com a "era Trump" chegando e em vários locais da Europa, Oriente Médio e África).
      Mas ainda acho que existem alguns oásis para os LGBT: Canadá, Argentina, Uruguai, Chile... são tão poucos que dá pra contar nos dedos. Ou, como prefiro dizer, a saída talvez seja...mudar de planeta.

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    3. Vá pra Cuba, Mortadela. Lá é o melhor lugar para pessoas como você!

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  2. A tendência é piorar, pois o conservadorismo só faz crescer.

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  3. Não vi lésbicas na lista de assassinatos

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  4. Vamos para Noruega, Canadá e Islândia.. Além de frio são locais com qualidades de vida bem melhores que aqui (e segurança também).

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  5. A Argentina e o Uruguai são extremamente gay-friendly e são do ladinho, todas as pesquisas de opinião pública mostram que a Argentina, O Uruguay e O Canadá são os países menos homofóbicos das Américas.

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